domingo, 2 de maio de 2010

TDAH


Transtorno de Déficit de Atenção com ou Sem Hiperatividade (TDAH)

Um dos meus alunos da turma de EI é agitadíssimo. Grita, belisca e morde os colegas, pula na fila, corre no refeitório, se mete nas conversas, trabalhinhos e brincadeiras de toda a turma, enfim está ligado em "220".

Por outro lado, ele não tem problemas de aprendizagem, escreve o seu nome, reconhece as cores e as letras do alfabeto. Tem habilidades para colar e recortar e consegue realizar TODAS as atividades propostas.

Para interagir com ele e fazer com que esse aluno consiga melhorar o relacionamento na turma pesquisei sobre esse comportamento e li uma reportagem muito esclarecedora na última edição da revista Nova Escola.

A matéria disserta sobre 5 pontos essenciais sobre esse transtorno, sendo:

1) Agitação não é hiperatividade

Há dias em que alguns alunos parecem estar a mil por hora e nada prende a atenção deles. Isso não significa que sejam hiperativos. O problema pode ter raízes na própria aula - atividades que exijam concentração muito superior à da faixa etária, propostas abaixo (ou muito acima) do nível cognitivo da turma e ambientes desorganizados e que favoreçam a dispersão, por exemplo. Em outras ocasiões, as causas são emocionais. "Questões como a morte de um familiar e a separação dos pais podem prejudicar a produção escolar", diz José Salomão Schwartzman, neurologista especialista em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Nesses casos, os sintomas geralmente são transitórios. Quando ocorre o TDAH, eles se mantêm e são tão exacerbados que prejudicam a relação com os colegas. Muitas vezes, o aluno fica isolado e, mesmo hiperativo, não conversa.

2) Só o médico dá o diagnóstico

Um levantamento realizado recentemente pela Unifesp aponta que 36% dos encaminhamentos por TDAH recebidos no setor de atendimento neuropsicológico infantil da instituição são originados da escola por meio de cartas solicitando aos pais que procurem tratamento para o filho. "Em muitos casos, o transtorno não se confirma", afirma Muszkat. A investigação para o diagnóstico costuma ser bem detalhada. Hábitos, traços pessoais e histórico médico são esquadrinhados para excluir a possibilidade de outros problemas e verificar se os aspectos que marcam o transtorno estão mesmo presentes. Como ocorre com a maioria dos problemas psicológicos (depressão, ansiedade e síndrome do pânico, por exemplo), não há exames físicos que o problema. Por isso, o TDAH é definido por uma lista de sintomas. Ao todo são 21 - nove referentes à desatenção, outros nove à hiperatividade e mais outros três à impulsividade.

3) Nem todos precisam de remédio

Entre os anos de 2004 e 2008, a venda de medicamentos indicados para o tratamento cresceu 80%, chegando a cerca de 1,2 milhão de receitas, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Diversos especialistas criticam essa elevação, apontando-a como um dos sinais da chamada "medicalização da Educação" - a ideia de tratar com remédios todo tipo de problema de sala de aula. "Muitas vezes, o transtorno não é tão prejudicial e iniciativas como alterações na rotina da própria escola, para acolher melhor o comportamento do aluno, podem trazer resultados satisfatórios".

4) O diálogo com a família é essencial

Em alguns casos, os professores conseguem participar das reuniões com os pais e o médico. Quando isso não é possível, conversas com a família e relatórios periódicos enviados para o profissional da saúde são indicados para facilitar a comunicação. É importante lembrar ainda que não é por causa do transtorno que professores e pais devem pegar leve com a criança e deixar de estabelecer limites - a maioria das dificuldades gira em torno da competência cognitiva, da falta de organização e da apreensão de informações, e não da relação com a obediência. Durante os momentos de maior tensão, quando o estudante está hiperativo, manter o tom de voz num nível normal e tentar estabelecer um diálogo é a melhor alternativa. "Se o adulto grita com a criança, ambos acabam se exaltando rápido e, em vez de compreender as regras, ela pode pensar que está sendo rejeitada ou mal compreendida", diz Muszkat.

5) O professor pode ajudar e muito

Adaptar algumas tarefas ajuda a amenizar os efeitos mais prejudiciais do transtorno. Evitar salas com muitos estímulos é a primeira providência. Deixar alunos com TDAH próximos a janelas pode prejudicá-los, uma vez que o movimento da rua ou do pátio é um fator de distração. Outra dica é o trabalho em pequenos grupos, que favorece a concentração. Já a energia típica dessa condição pode ser canalizada para funções práticas na sala, como distribuir e organizar o material das atividades. Também é importante reconhecer os momentos de exaustão considerando a duração das tarefas. Propor intervalos em leituras longas ou sugerir uma pausa para tomar água após uma sequência de exercícios, por exemplo, é um caminho para o aluno retomar o trabalho quando estiver mais focado. De resto, vale sempre avaliar se as atividades propostas são desafiadoras e se a rotina não está repetitiva. Esta, aliás, é uma reflexão importante para motivar não apenas os estudantes com TDAH, mas toda a turma.


Estou colocando em prática as recomendações sugeridas nessa matéria, como não colocar a criança sentada perto da porta, diminuir os estímulos visuais, manter um tom de voz normal ao falar com ela quando se mostrar muito agitada. E só com isso o aluno está demonstrando mais calma, mais segurança.

Fonte: Revista Nova Esola - p.80-81 - abril de 2010

1 Comentários:

Às 10 de maio de 2010 às 11:40 , Blogger Marga disse...

O comportamento singular e destacado de alguns alunos podem indicar inumeros fatores que precisamos estar atentos em nossa pratica. Uma vez identificada a causa ou diagnosticado um problema, faz-se necessario refletir diretamente sobre o planejamento. Na postagem anterior tu disseste que teus alunos encontram-se no estagio das opoeraçoes concretas. Pois bem: é uma certeza absoluta?Será que mesmo estando com a idade cronológica condizente com a teoria Piagentiana, será que cognitivamente ele não deveria ser mais desafiado? Como a matéria , que tu usaste como referência mesmo ilustra, o Educador precisa estar atento a essa peculariedade presente no comportamento da turma. Então até a próxima postagem!

 

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